segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Argentina VI

50º Dia - 14 de março de 2014 - Cmte. Luis Piedra Buena a Sarmiento/Argentina

Hoje preciso recuperar parte da quilometragem que esta atrasada pois tenho data para chegar em casa.
Deixei Piedra Buena por volta das oito da manhã subindo pela Ruta 3.
Parei em Puerto San Julián somente para reabastecer e voltei para a estrada até Jaramillo.
As 14 horas já estava em Caleta Olivia, terra de muito petróleo na Argentina.
Para chegar em Comodoro Rivadavia foi um pulo.
Ali deixei a Ruta 3 e tomei a Ruta 26 à esquerda para chegar em Sarmiento por volta das 17 horas e com pouco mais de 800 quilometros rodados.

Ainda na rodovia, encontrei um Posto Petrobrás (tem muitos na Argentina) e entrei para reabastecer.
Enquanto calibrava os pneus da moto, uma frentista de certa idade me pediu se eu tinha vindo para o encontro de motos.
Falei que não mas como ia pernoitar na cidade......
Ela me disse que o passeio seria as 17h30 e mais tarde o encontro seria em um parque de exposições da cidade.
Agradeci e entrei na cidade.
Para minha surpresa, quando entrei na principal avenida, estavam passando as motos do encontro.
Nem pensei duas vezes e me juntei ao grupo.
Pararam em uma praça onde um grupo de dança se apresentava.
Devia ter umas quarenta motos e vários motociclistas vieram me cumprimentar.
O encontro virou "internacional" com a minha presença kkkk!
Me convidaram para o evento à noite e me despedi indo em busca de um hotel.
Por volta das 19h, deixei o hotel e fui ao local do evento onde paguei a entrada e recebi um certificado de participação no que eles chamam de Moto Asado. Além de um adesivo, me deram também um número para participar do sorteio de brindes.
O frio estava demais e se não bastasse isso, despencou uma chuva torrencial.
Nos abrigamos sob uma cobertura pequena e, enquanto a conversa fluia, regada a cerveja servida em copos plástico de um litro, sem exagero.
Mas eu na verdade tava de olho na churrasqueira. Lá, alguns cordeiros patagônicos estavam sendo assados.

(Foto do blog Uma Familia na Patagônia)
Não quis correr o risco de molhar a câmera e não à levei para o evento. Me arrependi mas era tarde.
Não pode provar esta iguaria argentina no Ushuaia mas não ia perder a chance agora.
Veio a hora do sorteio e a senhora que comandava remexeu vários papéis em um saco plástico perguntando que número queriam.
Eu, embalado pela cerveja, não hesitei e gritei: ocho quatro!!
Advinhem que número saiu primeiro? Ele mesmo... oitenta e quatro. O meu número kkkkk.
Ganhei uma lata de lubrificante de corrente (que bom pois o meu estava acabando) e uma balaclava muito boa.
Acho que foi a primeira vez que ganhei algo em sorteio.
Logo depois começaram a servir o cordeiro. Mas como cortaram em vários pedaços para depois servir, rapidinho esfriou e o sebo lambuzou os beiços.
Resolvi me posicionar perto da churrasqueira e ai a coisa melhorou com a carne quentinha.
Meu amigo Osmar Becher de Camboriú me deu a dica que Sarmiento abrigava o Bosque Petrificado.
O vale de Sarmiento é a única região fértil numa área de estepe patagónica onde se vêem muitos equipamentos de petrolíferas. O rio Senguer e os lagos Musters e Colhué Huapis fertilizam o vale e permitiram o desenvolvimento da pequena cidade com pouco mais de 15 mil habitantes.
A madeira petrificada também conhecida como calcedônia ou madeira silicificada. A fossilização acontece com a transformação da madeira em rocha através da mistura de sílica (quartzo). Para que isso aconteça, é preciso que o ambiente tenha água para que os poros existentes na madeira absorvam a solução aquosa rica em silica e assim da-se o processo de vitrificação da madeira, impedindo o apodrecimento. É um processo lento. Segundo estudiosos, as árvores petrificadas daqui, tem mais de 60 milhões de anos.

(Foto retirada do blog Viajar entre viagens)
O bosque petrificado fica a uns 30 km da cidade, onde 20 deles são percorridos por vias de terra.
Decidi não visitar o local.
Conheci o Norberto e a Norma, um casal nota dez que me deram toda a atenção durante minha permanência.
Gracias hermanos.
Lá pela meia noite me despedi dos novos amigos e, mesmo com chuva, voltei ao hotel para dormir.
Cheguei a 20.550 quilometros e os pneus dão sinal de que precisam ser trocados. O traseiro rodou nove mil e o dianteiro já chegou a 32 mil quilometros.

51º Dia - 15 de março de 2014 - Sarmiento a Bariloche/Argentina

Uma turma do meu moto clube estão viajando também pela Argentina.
Hoje o grupo esta em Mendoza, depois de visitar o Atacama.
Mantive contato com eles e disse-lhes que se me esperassem, eu subiria pela Ruta 40 até Mendoza.
Contudo, como estavam com pressa para chegar em Buenos Aires, não puderam me esperar.
Desci então sair da Argentina para o Chile via Bariloche.
Deixei a cidade e logo passei por La Puerta del Diablo, nome nada sugestivo para quem a partir deste ponto toma a Rua 40 com destino ao norte.
A Ruta 40 alterna trechos com asfalto e outros com cascalho ou rípio.
Um dos pedaços por onde passei, já estava bem compactado e equipes de trabalho preparavam a via para receber o asfalto.
Logo, logo, o rípio da Ruta 40 deixará de existir e com isso, a estrada perde um pouco do desafio de ser percorrida.
Em um dos vários desvios, no meio do nada, encontrei dois motociclistas com suas GS 800 com placas brasileiras.

Estavam parados e parei também para ver se precisavam de algo.
Me disseram que só estavam descansando. Nos apresentamos. Um deles era norte americano que comprara um BMW no Rio de Janeiro e estava rodando pela América acompanhado do Gustavo, motociclista carioca.
Como nosso roteiro era o mesmo nos próximos duzentos quilometros, seguimos junto até Tecka, onde reabastecemos e almoçamos.
Olha, a carne era um espetáculo. Não sei se era a fome, mas acho que nunca tinha comido um churrasco tão bom.
Meio sonolento pela farta refeição acompanhada de coca cola de um litro, deixamos a cidade, continuando a viagem pela Ruta 40.
Como os dois seguiriam para Esquel no Parque Nacional Los Alerces, nos separamos uma hora depois.
Passei por pequenos e simpáticos povoados.


Continuei minha viagem até Bariloche. Tinha visto várias fotos da cidade coberta pela neve deste que é um dos principais pontos turísticos da Argentina.
Passando pelo KM 1962 não pude deixar de tirar uma foto do ano do meu nascimento rsrs...


Imaginem minha decepção quando cheguei. Logo na entrada da cidade, do lado esquerdo da Ruta, um lixão a céu aberto, com urubus em quantidade e sacos plásticos voando para todo lado. Enfim, muita sujeira.
Logo depois, uma favela com barracos de madeira e lonas plásticas. Imagino que seja a casa de catadores.
Cenário nada bonito.
Como não é época de neve, não vi atrativos na cidade. Apenas um imenso e bonito lago na frente da cidade.
Já escurecendo, procurei um hostal e me acomodei por 250 pesos, saindo apenas para jantar nas próximidades.



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