sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Argentina II

41º Dia - 05 de março de 2014 - Buenos Aires a Bahia Blanca/Argentina.



Hora de mais uma partida.
O trecho de hoje será de aproximadamente 640 quilometros.
Deixei a capital portenha seguindo as informações fornecidas pelo GPS com destino à Bahia Blanca.
Queria seguir pela Ruta 3 mas alguns quilometros depois em Cañuelas o sacana do GPS me mandou para outro caminho.
Quando percebi, parei a moto e consultei meu mapa (sempre levo pequenos mapas plastificados dos trechos que irei percorrer). Vi que tinha tomado o caminho para Saladillo a 122 km e que mais adiante, outros 135 km depois me levariam até a cidade de Azul no cruzamento com a Ruta 3. Independente da rota, a distância era praticamente a mesma.
Então, já que estou aqui, vamos por aqui mesmo!
Apesar da estrada não ser tão boa quanto a Ruta 3, andei bem e logo depois estava em Saladillo. Parei para o reabastecimento e o frentista no posto achou que eu era um fantasma pois, segundo ele, dificilmente aparecem motociclistas.
Duas horas depois cheguei em Azul e depois de novo reabastecimento voltei à Ruta 3.
Daqui pra baixo, viu um posto, abasteça! As distâncias entre cidades começam a aumentar e a consulta aos mapas é importante para não ficar sem gasolina.
A partir daqui, por exemplo, a próxima cidade é Tres Arroyos a 190 quilometros.
Em Buenos Aires o Julian Parente (JP) tinha me dado o endereço de dois integrantes do VStrom Club que moram em Bahia Blanca e um no Ushuaia.
Programei o GPS para um deles e quando cheguei em Bahia Blanca por volta das 16h, entrei na cidade seguindo o que o aparelho informava.
Cheguei em um bairro e logo depois acabou o asfalto. À frente, uma favela sinistra. Hesitei e decidi não entrar ali.
Retornei com o GPS quase me chamando de idiota por não lhe obedecer.
Rodei por algumas ruas e parei para reprogramar o endereço do segundo amigo.
Enquanto eu teclava o nome endereço, uma pessoa do outro lado da rua me chamou pelo nome.
Estranhei e olhei para o sujeito que nunca tinha visto antes.
Pensei: será que estou famoso e até aqui me reconhecem?
Instintivamente vi o número na parede e percebi que era o mesmo que tinha acabado de digitar no GPS. Ainda confuso atravessei a rua e entrei em uma oficina.
A pessoa que me chamou pelo nome era o Mário Martinez, justamente a segunda pessoa que eu estava procurando!!
Só então, sem nunca ter estado naquele local, percebi que tinha parado exatamente na frente do endereço que estava digitando no GPS.
Acertar isso de novo? Nunca mais!!
Depois de algum tempo conversando, fiz contato com o Jesus Perez, motociclista brasileiro que estava rodando pela Argentina com a esposa e naquele dia, outra coincidencia, estava de passagem por Bahia Blanca.

Passamos no hotel para os cumprimentos e depois segui o Mário em sua VStrom até sua casa onde, gentilmente fez um belo churrasco regado à cervejas Quilmes geladinha.

42º Dia - 06 de março de 2014 - Bahia Blanca a Comodoro Rivadavia/Argentina.

O dia será longo hoje.
Daqui para o sul enfrentarei o terrível vento patagônico. Li a respeito dele e achei que estava preparado para enfrentá-lo.
Agradecendo ao Mário pela acolhida, aproei para o sul e deixei Bahia Blanca cedinho.
Decidi não ir pela Ruta 3 pois seriam 250 km sem nenhuma cidade até Viedma e de lá outros 175 até San Antonio Oeste.
Tomei então a Ruta 22 até pouco depois de Rio Colorado onde "dobrei" à esquerda para mais 120 km até General Conesa. Uma hora depois e mais 90 km percorridos cheguei em San Antonio Oeste, retornando então à Ruta 3 com o vento castigando duramente em toda a viagem.
Como o trecho de hoje será de mil quilometros, não perdi tempo e reabasteci enquanto comia uma empanada com café expresso.
Confesso que o vento é muito mais forte do que eu pensava.
Ele sopra da Cordilheira dos Antes em direção ao Atlântico e "te pega" quase de de frente, obrigando a pilotar inclinado para a direita durante toda a viagem.
Tive que encontrar a velocidade ideal para pilotar com o mínimo de esforço.
Andar próximo da traseira de ônibus e caminhões, nem pensar. O vento forma um redemoinho que te joga facilmente para fora da rodovia.
As ultrapassagens de veículos longos representa outro perigo. Quando você emparelha, acaba o vento. Quando você ultrapassa, vem a "lapada" que te joga para a esquerda. Parar para tirar fotos é impensável, o vento de arrasta e pode tombar a moto.
Muitos já se acidentaram assim nesta estrada.
Seguindo para baixo com destino à Trelew e Rawson pela Ruta 3, encontrei o casal de argentinos Luis Salas e Suzana a bordo de uma BMW GS 1200. Como eles iam para Comodoro Rivadavia, seguimos juntos, ambos sofrendo com a ventania.
Só pilotando atrás de outra moto para se perceber o quanto é necessário inclinar a moto para dominar o vento. A moto que geralmente faz 23 km por litro na estrada, passou a fazer apenas 18.
A energia eólica aqui tem futuro.
Já anoitecendo e depois de rodar mil quilometros contra o vento, chegamos em Comodoro Rivadavia onde o Luis mora. Suzana reside em Caleta Oliva, pouco mais à frente.
Me levaram até um hotel mas estava lotado. Fomos à outro, que não tinha garagem. Por fim, fiquei em uma simples hospedaje que custou 180 pesos e só mais tarde fiquei sabendo que não tinha água há dois dias.
Tinha combinado jantar com os novos amigos e celebramos a amizade com uma farta cena com direito à champagne.
Como todos estavam cansados, nos recolhemos cedo.
Gracias Luis y Suzana por todo.

2 comentários:

  1. Parabéns pela viagem.... e pena que nosso encontro foi tão rápido... mas não poderia ser de outro jeito... você estava andando muiiiiiito.... abraços

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  2. A Argentina é realmente muito linda, ouvi dizer que as rodovias são excelentes para andar de motocicleta é verdade?

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