domingo, 29 de novembro de 2015

Argentina V

46º Dia - 10 de março de 2014 - Ushuaia/Argentina

Logo cedo o Cláudio já me esperava no hotel para conhecermos a região.
Saimos em direção ao Parque Nacional Tierra del Fuego. Logo na entrada o asfalto acaba na Ruta 3 e o pavimento volta a ser rípio, porém bem compactado.

Cortesia do Claudio, a entrada de 80 pesos no Parque valerá a pena.
A principio fomos até a Ensenada Zaratiegui onde pude ver as árvores que crescem inclinadas pela ação constante dos ventos.
Ao lado está o Correio do Fim do Mundo, uma pequena construção sobre um pier onde funciona uma unidade postal.

Aproveitei e adesivei o local. Quase não encontrei espaço de tanto adesivo afixado ali.
Depois aproveitei para comprar um postal para enviar à família em Roraima.
Para posteriadade, pedi ao senhor de barba branca que trabalha ali há muitos anos que carimbasse meu passaporte com o selo do Correio do Fim do Mundo.

Famos tomar um café em um aconchegante restaurante e lá fora começou a nevar com temperatura de 5º.
Partimos então para a Bahía de Lapataia, onde termina a famosa Ruta 3 com seus 3.079 quilometros.

A neve aumentou e foi dificil tirar boas fotos. Ainda assim, o registro foi feito.
Voltamos e percorremos a cidade em busca de alguns souvenirs.

Comprei alguns adesivos e botons além de várias camisetas.
De volta ao hotel, combinei com o Cláudio o jantar na casa do Oscar, um motociclista gente boa demais.
Lá, à noite, conheci sua família e o Renato Lopes, motociclista gaúcho de Santa Maria que estava acompanhando alguns amigos em mais uma viagem ao Ushuaia.
Tive oportunidade de ler um dos livros do Renato que foi de grande valia para o planejamento da minha viagem motociclista.
Bom vinho e churrasco de primeira e a conversa se prolongou noite adentro.

47º Dia - 11 de março de 2014 - Ushuaia a Rio Gallegos/Argentina

Sempre a disposição, o Claudio estava no hotel para nos despedirmos. Era hora de partir outra vez, agora retornando do Fim do Mundo.

Ele me acompanhou ate a saída da cidade onde nos despedimos.
Gracias amigo Claudio Trifilio. Nos vemos en la carretera!

Logo na saída percebi que a fina chuva do dia anterior aliada ao frio da madrugada formaram uma fina camada de gelo.
Sobre o asfalto, isso é conhecido como gelo negro, um perigo para quem está dirigindo ou pilotando.
Por precaução, esperei passar duas carretas carregadas com conteineres e fui atrás.

A passagem pelo Passo ou Paso Garibaldi foi espetacular novamente e desta vez com muita neve.
Nem as luvas próprias para o frio nem o aquecimento das manoplas da moto foram suficientes para segurar o frio. Tive que apelar para duas sacolas plasticas como forma de minimizar o frio nas mãos.
Logo depois, já descendo a montanha, o clima melhorou e pude acelerar em direção à Rio Grande e depois San Sebastian.

Quase na fronteira, parei para novo reabastecimento. Porém, estavam descarregando uma carreta de combustível e tive que esperar quase uma hora. Neste meio tempo chegaram outros tres motociclistas que também tiveram que esperar pois combustível a partir daqui, só em Cerro Sombrero há 130 km.
O vento estava terrível e quase tombava as motos. Tivemos que protege-las, escondendo atrás do escritório do posto de gasolina.
Enquando esperava, um café e outra empanada para aquecer o estômago.
Liberado o abastecimento, segui em direção ao complexo fronteiriço e diz o trâmite rapidinho. Algumas máquinas estavam trabalhando entre as duas aduanas, sinal de que logo teremos asfalto neste trecho.
Uns dois quilometros depois da aduana chilena, tomei o caminho a esquerda que leva a Onaisin. Segundo me informaram no Ushuaia, este trecho, apesar de ter dez quilometros a mais, está muito melhor para rodar.
E assim foi e pude aumentar a velocidade para uns 60 km/h. No entroncamento de Onaisin tomei à direita para Cerro Sombrero e logo depois apareceu o asfalto.
Como estava em obras, tive que ir contornando durante vários quilometros. Ainda assim não resisti e apesar das pedras colocadas para impedir o tráfego sobre o pavimento, andei uns vinte quilometros sobre o asfalto novinho.
Passei por Cerro Sombrero sem me deter e cheguei ao Estreito de Magalhães onde uma imensa fila de veículos se formara.

Levei a moto até próximo da rampa e fui informado que devido às más condições metereologicas, tinham suspendido a travessia do ferry. Se melhorasse, ele voltaria a operar. Do contrário, só no outro dia.
Esperei umas três horas e enquanto isso fiz novos amigos motociclistas argentinos.
Enquando nos protegiamos do frio, atrás de um ônibus, tomamos várias cuias de chimarrão.
Finalmente o ferry chegou e logo estávamos à bordo.
Enquando fazíamos a travessia, ouvi a conversa dos argentinos dizendo que teriam que pernoitar na estrada pois um deles não tinha gasolina suficiente para chegar em Rio Gallegos. E quando digo na estrada, é na estrada mesmo, pois não há hotel até lá.
Como sempre ando com gasolina reserva, pedi quanto faltava para ele chegar lá. Me respondeu que um litro seria suficiente.
Logo que descemos do navio, tirei um dos galões de tres litros e coloquei um pouco na minha moto, dando cerca de dois litros ao colega que, agradecido, me pagou dez pesos, mesmo que eu não quisesse receber.
Já era noite e pensei na grande quantidade de carros chegando ao mesmo tempo na fronteira. Subi na moto e larguei na frente.
Em Poucos minutos cheguei na fronteira e logo conclui a saída do Chile e nova entrada na Argentina. Contei até agora três entradas na argentina em menos de dez dias. Haja carimbo.
Enquanto ajeitava os papéis, os motociclistas argentinos chegaram mas não quis esperar por eles.
Precisa chegar em Rio Gallegos e ainda faltavam uns oitenta quilometros para rodar de noite.
Por volta das 21 horas cheguei em Rio Gallegos e me hospedei no mesmo hotel que tinha ficado anteriormente.
A quilometram aumentou para 18.900 e o vento não dá sossego.

48º Dia - 12 de março de 2014 - Rio Gallegos a El Calafate/Argentina

O dia de hoje será destinado a conhecer o Glaciar Perito Moreno em El Calafate.
Um fato curioso: quando eu estava planejando a viagem, pensei que o Glaciar Perito Moreno ficava dentro do Parque Nacional Perito Moreno na cidade de Perito Moreno. Parecia lógico né?

Mas não é. Na verdade o Glaciar Perito Moreno fica no Parque Nacional Los Glaciares próximo da cidade de El Calafate, 600 quilometros abaixo da cidade de Perito Moreno, vindo pela Ruta 40.
E o melhor caminho para chegar a El Calafate é saindo de Rio Gallegos com asfalto até lá. O único problema é mais uma vez o vento que agora "te pega quase de frente, pelo lado esquerdo".
Os guanacos estão por toda parte. Geralmente um macho e quatro ou cinco fêmeas. A cerca das propriedades de criadores de ovelha não dificultam em nada o trânsito dos bichos.

Tendo deixado Rio Gallegos por volta das nove horas passei por Esperanza a 112 km e depois de mais 180 cheguei a El Calafate.

O trecho de quase 300 quilometros é desértico e com alguns belos lagos esverdeados.Ao longe se avista a Cordilheira dos Andes com seus picos cobertos pela neve.
Em El Calafate reencontrei o Paulo Stangler que, tendo passado por Punta Arenas e pelo Parque Nacional Torres del Paine, estava na cidade e continuaria subindo pela Ruta 40.
Ele já estava instalado em uma hospedaria, acampado em sua barraca. Eu preferi procurar um hostal e logo depois já tinha localizado um bem modesto e com quatro beliches no quarto.
Dei um giro pela cidade para almoçar em companhia do Paulo. Depois fui descansar pois a fadiga da viagem era grande. Não é fácil rodar mais de 600 km todo dia.

49º Dia - 13 de março de 2014 - El Calafate - Glaciar Perito Moreno - Rio Gallegos/Argentina

Oito da manhã eu já estava pronto e percorri uns 40 quilometros até chegar ao Parque Los Glaciares onde paguei 90 pesos pelo ingresso.

Entrei e rodei poucos quilometros quando avistei o enorme bloco de gelo, conhecido em todo o mundo.
Que vista fantástica. Parei, tirei várias fotos e continuei até o local onde uma van transporta os visitantes.

Optei por fazer uma caminhada de quase um quilometros pelas escadarias e plataformas que margeiam o lago até chegar de frente ao glaciar, enquanto ouvia o barulho do movimento do gelo sendo comprimido contra as rochas.
O glaciar é bloco de gelo de 5 km de comprimento e quase setenta metros de altura sobre o nível do lago.Ele avança lentamente empurrado pelo vento e ondas.Com o lento movimento ele vai se comprimindo, tentando passar pela garganta rochosa se aproximando da terra firme. Quando isso acontece, forma uma ponte de gelo. Todos torcem e esperam que aconteça, enquanto estão ali, o espetáculo imprevisível de seu desabamento com um estrondo.
Em El Calafate, no Estado de Santa Cruz, é possível contratar excursões até as passarelas do Glaciar Perito Moreno. As caminhadas sobre o Perito Moreno são uma opção tradicional e imperdível se a intenção for conhecer o gigante gelado. Mas também é possível contemplá-lo da água, através de navegações em catamarã para o frente norte e o sul.
Durante minha curta permanência, fui agraciado com a queda de um imenso bloco de gelo azulado que se desprendeu o maciço, caindo estrondosamente na água.
Fiquei maravilhado com tudo que vi ali.

Na volta, optei novamente pela caminhada, desta vez descendo do mirante mais alto pela sinuosa estrada até o local onde havia deixado a moto.
A volta para Rio Gallegos foi tediosa nos trezentos quilometros. Ainda pensei em subir pela Ruta 40 mas o trecho de 580 km de rípio me fez mudar de idéia.
Cheguei em Rio Gallegos por volta das 15 horas e decidi tocar mais um pouco até Cmte Luis Piedra Buena, 210 km retornando pela Ruta 3.
Eram 17h20 quando cheguei na cidade pequena, mas muito bem arrumada. Quando ia para o Ushuaia, tirei uma foto do alto da montanha.

Com um hotel simples custando 290 pesos, dormi cedo depois de aproveitar um litrão de Quilmes com um bife e batata (ou papas) fritas.
Com o vento pelas costas, já é possivel ver como melhorou o desempenho da moto além de baixar bastante o consumo de gasolina.
O odômetro marca 19.750 km nesta aventura.

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