sábado, 5 de dezembro de 2015

Peru

62º Dia - 26 de março de 2014 - Copacabana/Bolivia a Cusco/Peru

Deixei Copacabana e me dirigi à Kasani na fronteira com o Peru.
Fiz o trâmite na aduana e imigração boliviana, troquei o resto dos bolivianos por soles peruanos e comprei uns souvernirs em uma tenda ao lado.
Subi na moto e dei partida. Haviam alguns cones na pista e pedi ao policial para retirar e assim eu poder seguir viagem.
Ele me perguntou se eu tinha passado na policia.
Disse que não e perguntei porque. Ele informou que além da imigração e aduana, eu deveria carimbar um documento na policia.
Desci da moto e fui até a sala, onde dois policiais estavam conversando.
Me perguntaram da autorização da moto para rodar na Bolívia. Disse-lhes que já tinha dado baixa na aduana e o papel ficou retido lá.
Me informaram que eu deveria ter primeiro passado na policia para depois ir para a aduana.
Falei que ia até a aduana buscar o documento e me disseram que não precisava mais. Bastava eu apresentar cópia de outro documento.
Abri minha pasta com dezenas de cópias e pedi qual delas eles queriam. A primeira cópia era do passaporte e pediram ela.
Um deles carimbou o verso da cópia e simplesmente disse: 30 bolivianos.
FDP.... eu pensei que ia sair da Bolívia sem pagar proprina mas não teve jeito. Já estava saindo do país mesmo. Paguei o que me pediram, algo equivalente a vinte reais.
Vou guardar a cópia com o carimbo!
Pouco depois já estava entrando no Peru (sem gracinhas, por favor) na cidade de Unguio.
Diferente da Bolívia, fui muito bem atendido tanto na imigração quando na aduana.
Nem o seguro me pediram.
Fui em frente e uma hora depois já estava em Puno.
Aqui você pode comprar um pacote turístico para visitar as ilhas flutuantes no Lago Titicaca. São indígenas que utilizam um junco chamado de totora para construir pequenos barcos, casas e ilhas flutuantes onde vivem.
Como pretendo voltar outra vez, vou deixar este programa para depois. Ainda estou ruim e quero chegar logo a Machu Pichu.
Quando cheguei em Juliaca, a rodovia estava tomada por cacos de vidros, pedras e pedaços de madeira.
Enquanto abastecia pedi o que significava aqui.
Me informaram que durante uma semana houve greve de mineiros que bloquearam a rodovia na entrada e saída da cidade. Quem ousou passar teve o carro apedrejado e muita gente se feriu.
A greve acabará no dia anterior à minha passagem, para minha sorte.
Muito trânsito na cidade e foi difícil atravessá-la.
Continuei minha viagem até Cusco, chegando à noitinha.
Reabasteci a moto e pedi ao frentista para me indicar um hotel nas proximidades.
Com gestos ele me mostrou onde poderia conseguir um.
Fui até lá e não era bem o que eu queria mas, já que estava ali, resolvi ficar. Paguei 30 soles.
A construção era um misto de residência com o que já fora um motel. Esta em estado precário mas já dormi em lugares piores.
Paguei o equivalente a 30 reais. Através da portaria, consegui que me trouxessem um sanduiche gigante com pepsi.
Hoje foram 400 quilometros em dez horas de viagem, contando o tempo gasto na fronteira.

63º Dia - 27 de março de 2014 - Cusco/Peru

Decidi ficar um dia em Cusco para recuperar as forças. Pela manhã fui até a Plaza de Armas e outros pontos turísticos.

Comprei um pacote para Machu Pichu pagando 225 dólares com tudo incluido.
Almocei em um bom restaurante e retornei ao hotel para descansar.


64º Dia - 28 de março de 2014 - Cusco a Machu Pichu/Peru

Eram quatro da manhã quando a van passou no hotel para me levar até Ollantaytambo a 120 km de Cusco.

Chegado lá me dirigi até o trem da Inca Rail e vinte minutos depois seguimos viagem de uma hora e quarenta minutos até a cidade de Aguas Calientes, na base da montanha onde está Machu Pichu.
O trem é confortável com janelas amplas de onde se pode admirar a paisagem. Durante todo o trajeto o trem vai contornando um rio caudaloso. O Rio Vilcanota quando transborda,cobre a ferrovia e interrompe as viagens até baixar o nível das águas.
Cheguei em Aguas Calientes e um guia Dimas já me esperava. Me levou até o hotel e combinamos sair as dez horas para visitar Machu Pichu.
Como a cidade é espremida pelas montanhas e pelo rio, só há pequenas vielas para se deslocar.
Aproveitei para comprar uma nova camera já que a minha quebrou quando do acidente.
As vans ficam em um determinado local e de lá parte para subir a montanha.
Durante o deslocamento se percebe o fisco de subir, pela estrada que serpenteia a montanha. Muitas vezes a van passa tão perto do precipício que você tem a impressão que vai rolar montanha abaixo.
Chegamos ao local, ao lado de um luxuoso hotel às portas do parque.
O guia nos orientou como agir e logo depois entramos no portão de acesso às ruínas, carimbando o passaporte com um selo alusivo ao local.
O passeio de uma hora e meia foi muito bom. Consegui entender muito dos mistérios daquele local construido pelos Incas, povo que tinha o Sol como seu principal deus.

Não subi em Waina Pichu por que estou muito desgastado fisicamente, mas farei isso com certeza em outra oportunidade.
Recomendo a todos visitar em local mágico, tanto Machu quanto Waina Pichu.
Com algum tempo livre antes de tomar a van para voltar ao hotel, aproveitei para almoçar às portas da cidade de pedra.
O restante da tarde foi usada para andar por Água Calientes e comprar um monte de pequenas lembranças.

65º Dia - 29 de março de 2014 - Machu Pichu a Abancay/Peru

O trem partiu 08h30 regressando à Ollantaytambo com dezenas de pessoas de várias nacionalidades. Este trem custa aproximadamente 50 dólares, caso você opte apenas por ele. Aconselho a quem vir a Machu Pichu, que venha de moto até Ollantaytambo. Há várias pousadas simpáticas na cidade.

Uma hora depois já na pequena cidade, procurei a van que me levaria de volta a Cusco e não encontrei.
Decidi pegar uma que faz o trajeto levando turistas mas o motorista disse que só partiria quando estivesse lotada.
Desisti e fui em busca de outra já que tinha várias nas proximidades.
Um motorista já estava de saída e entrei, junto com mais quatro passageiros. Paguei 20 soles.
Durante a viagem me arrependi de ter tomado aquela van.
O motorista, sempre que via alguém parado à beira da rodovia, gritava "Cusco, Cusco".
E assim, a viagem que deveria demorar uma hora e meia, levou quase três.
Retornei ao hotel onde tinha deixado a moto e ajeitei tudo para partir logo depois.
A rodovia estava em boas condições exceto pelos techos onde teve "derrumbes" ou desmoronamento.

Nestes locais, apesar das pedras já terem sido removidas, o asfalto está muito ruim e em alguns trechos tinha sido removido.
Começo agora a descer a Cordilheira dos Andes rumo ao Oceano Pacífico.
A viagem corria tranquilha montanha abaixo com suas centenas de curvas.
Eram cinco da tarde quando estava chegando na cidade de Abancay. De longe vi uma barreira policial na estrada e lembrei que não tinha feito o seguro para rodar no país.
Felizmente havia um hostel antes da blitz e entrei nele, já que ia pernoitar na cidade.
O proprietário, também motociclista me recebeu muito bem e até mostrou suas três motos, uma delas também BMW 650 de modelo mais antigo que a minha.O pernoite custou 30 soles.
Infelizmente não serviam comida no hotel e eu não quis sair à noite até a cidade, contentando-me com algumas barras de cereal.
Rodei só 220 km em tres horas de viajem hoje.

66º Dia - 30 de março de 2014 - Abancay a Nasca/Peru

Por volta das nove horas deixei o hotel e fui até o centro de Abancay onde fiz o seguro SOAT da moto e que me custou 35 dólares. Aproveitei para tomar o café da manhã ao lado e parti rumo a Nasca.

A rodovia continua ladeira abaixo e é um trecho longo e deserto até lá.
Não há muito o que falar deste dia que foi bastante monôtono.

Cheguei na empoeirada Nasca quando eram tres da tarde.
Logo na entrada da cidade tinha um cover do Mac Donald's é me acabei de comer frango frito pois ainda não tinha almoçado.
Várias pessoas ofereciam hotel nas proximidades e uma mulher veio ataé mim oferecendo um pousada barata.
Pedi se tinha garagem e me disse que sim.
Concordei em conhecer o local e ela em seu carro e eu, de moto, fui atrás.
A pousada era razoável mas não tinha garagem. O dono queria que eu colocasse a moto na recepção mas vi que ela não passaria na porta.
Desiste e ela me indicou outra. Lá fomos nós. Não tinham garagem e teria que deixar a moto na rua. Desisti.
Agradeci à mulher e fui rodar pela cidade.
Até que encontrei um hotelzinho simpático. Já tinha visto a garagem e descidi ficar ali.
Depois de acertar tudo, o dono abriu as portas de uma sala imensa e guardei a moto lá dentro, para não deixá-la juntos com os carros ao relento.
Chego a 25.850 km rodados.


67º Dia - 31 de março de 2014 - Nasca/Peru

Dia dedicado ao descanso e conhecer um pouco do que a cidade oferece aos turistas.

68º Dia - 01 de abril de 2014 - Nasca a Barranca/Peru

Quando acordei, descansado, recolhi as coisas e fui até moto para guardar.
Na noite anterior, como a moto tinha ficado trancada na sala, deixei sobre ela os elásticos de amarração.
Para minha surpresa, dois deles tinham desaparecido, inclusive uma "aranha" que comprei no Chile.
Pedi ao recepcionista e ele disse que não sabia de nada. Duvidei, até porque ele também tinha uma moto e nenhuma outra pessoa teve acesso ao local.
Chateado, amarrei com outros que tinha no baú e deixei Nasca por volta das nove horas.
O destino de hoje será Lima e se der, passar um pouco da capital peruana.
Exceto pelo Oceano Pacifico, a Panamerica é monotona.
Esta monotonia é quebrada de vez em quando pela presença de pequenas cidades e das pessoas que circulam. As mulheres, de descendência indígena, com sua vestimenta típica é uma atração à parte.

Passei por Palpa, Ica, Pisco, dentre outras cidades até chegar em Lima quando eram tres da tarde.
Ainda há vento com um pouco de areia na pista e de vez em quando uma neblina que vem do oceano e dificulta a pilotagem, mas, ao nível do mar, é mais fácil do que no alto da Cordilheira dos Andes.
Desci seguir um pouco mais e por volta das 18h cheguei em Barranca e procurei por pousadas.
A primeira, não tinha garagem.
A segunda tinha mas foi complicado abrir a porta que estava emperrada. Só tinha vaga para o carro do dono da pousada mas, apertando, consegui colocar a moto também.
Rodei 660 km hoje e muito cansado, resolvi parar por aqui.
Ao chegar no quarto liguei a TV e vi que tinha ocorrido um terremoto em Iquique, no Chile.
Havia um alerta de tsunami para toda costa da América do Sul que se estendia do Chile até a Colômbia.
E eu ali, pernoitando à 100 metros do oceano.
Desci para comer em uma lanchonete próxima e olhando para as pessoas, pensei: Será que elas não sabem da ameaça de tsunami nesta noite?"
Voltei ao hotel e pela conversa com o proprietário, vi que não estavam dando a mínima importância.
Acompanhei o telejornal durante várias horas com o povo sendo retirado do litoral chileno.
Dormi e acordei várias vezes até que lá pelas três da madruga, o alerta de tsunami foi retirado.
Ainda assim foi difícil dormir. Não queria acordar com a água nos pés rsrsr.
Nota: Um ano depois de passar por Barranca, li que um motociclista xará meu (Cesar Espiritu) tem um moto pousada na cidade.

69º Dia - 02 de abril de 2014 - Barranca a Piura/Peru

Ainda sonolento levantei pois o "tiro" de hoje seria longo.
Quero chegar o mais próximo da fronteira com o Equador e esse Peru é muito comprido eheheh.
Deixei a cidade e continuei pela Panamericana tendo do lado esquerdo o Oceano Pacífico.
Huarmey, Casma, Chimbote, Trujillo, Chiclayo foram algumas das cidades pelo caminho.
Pensei em almoçar mas o sono depois pode ser perigoso. Então me contentei com rápidos lanches em postos de combustíveis, ou grifos como chamam por aqui.
Não me preocupei com fotos no dia de hoje. Meu tempo está estourando e preciso manter a média para chegar no Brasil dentro do prazo negociado com a empresa.
A partir de Chiclayo, entrei um pouco mais no continente e o oceano desapareceu.
Contudo aumentou a quantidade de areia soprada pelos fortes ventos.
Cheguei em Piura e me atirei dentro do primeiro hotel que vi.
O cansaço vem aumentando dia a dia e preciso repousar mais tempo. Além disso, a noite de ontem foi mal dormida por conta da ameaça do tsunami.
Li que geralmente o pessoal passa por Talara e entram no Equador depois da cidade de Tumbes.
Eu vou fazer outro roteiro e contarei no tópico de amanhã.
Esta travessia do Peru via Puno, Cusco, Nasca, Lima, Piura, Sullana é de mais 2.900 km.

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