domingo, 26 de janeiro de 2014

Guyana (antiga Guyana Inglesa)

Por mais que não admitamos, são de ansiedade os dias que antecedem a saída para uma grande viagem. Por mais que você tenha planejado, a ansiedade misturada com a expectativa, pecisam de respostas urgentes. Enquanto o dia da partida não chega, resta providenciar os últimos detalhes. Dentre a documentação exigida nos aíses vizinhos, uma delas é o visto para a Guiana Francesa que pode ser obtido junto ao Consulado da França em Macapá. No meu caso, o custo de deslocamento ao Amapá é salgado e vou correr o rísco para conseguir o visto na Embaixada Francesa quando chegar em Paramaribo, Suriname. Cada país tem sua legislação própria e temos que nos adequar a ela para minimizar os problemas que poderemos ter ao circular por estes paises. Como sairei de Boa Vista, Roraima, a primeira providência diz respeito à documentação exigida para ingresso na Guyana (antiga Guiana Inglesa). A primeira providência é fazer o seguro de terceiros exigido para estrangeiros que pretendam dirigir ou pilotar no país. O único local autorizado a fazê-lo em Boa Vista é o Escritório Contábil Paulo Vale na Av. Benjamin Constant, 1129 - Centro a pouco mais de quinhentos metros do consulado. O outro local e na cidade de Lethem, já na Guyana mas para isso, você terá que rodar 250 km entre ida e volta pois você terá que voltar em Boa Vista para obter a Permissão de Entrada de Veículo, documento que só é elaborado pelo Consulado da Guyana, após ter iso pago o seguro. O Certificate of Insurance tem validade por 30 dias e custa R$ 60,00. No Consulado, e necessário levar os originais e cópias do passaporte, CNH ou Permissão Internacional para Dirigir, documento do veículo que deve estar em nome de quem pretenda viajar ou, caso não esteja, se faz necessária uma autorização com firma reconhecida do proprietário. Além disso, deve-se fornecer o endereço e o dia de ingresso no país vizinho. O Consulado se localiza na Rua Coronel Mota, 629, centro, telefone 95 3224 6105 e email guyanaconsulatebrazil@hotmail.com e a emissão da Permissão para Entrada de Veiculos na Guyana é exigida para restringir o ingresso de veículos em situação irregular ou furtados no Brasil destinados à venda na Guyana e Suriname. É necessário tirar cópias pois a policia de fronteira e a aduana poderão exigir cópias na entrada e saída do país. 1º Dia - 17 Jan 2014 - Boa Vista/RR - Annai/GU Com o odometro da moto marcando 11.080 km, e escoltado por amigos do Roraima Moto Clube, nos dirigimos para Lethem, primeira cidade na fronteira com o Brasil a 130 km de Boa Vista/RR. O atendimento na fronteira e relativamente rápido. Primeiro dou entrada na motocicleta na aduana (importação temporária na Guyana) e depois na imigração carimbo o passaporte. Em Lethem há muitos brasileiros que trabalham e a cidade se caracteriza pelo comércio de artigos importados, muito deles de procedência duvidosa. Só para ilustrar, uma camisa da "marca" Lacoste custa R$ 10,00. Há três postos de combustíveis na cidade é melhor abastecer e levar gasolina em galões pois não há postos nos próximos 450 km até Linden. Outra providencia foi adquirir o Seguro de Terceiros para o Suriname já em Lethem, na Nafico, primeiro andar do Bank of Guyana custando seis mil dólares guianenses, algo proximo de R$70,00 pelo câmbio oficial. O câmbio oficial no banco é de um real para oitenta dólares da guiana e aproveitei para trocar o suficiente para três dias na Guyana, pois a partir daqui, o real não é aceito. A Guyana conseguiu sua independência na década de 60 e conservou alguns hábitos que são praticados até hoje. Um deles diz respeito à via de deslocamento no trânsito que aqui é sempre pela esquerda, ou seja, na nossa contramão. Nos primeiros momentos você se sente deslocado e tende sempre a buscar a via da direita e demora certo tempo para se ambientar. Na rotatória de saída da cidade tiramos as últimas fotos e deixo os amigos do Roraima MC que regressarão para Boa Vista enquanto eu seguirei para Georgetown. A partir daqui, serão 460 km de terra e poeira pela frente até Linden e outros 130 km de asfalto até a capital Georgetown. Parti as 15 horas deixando um rastro de poeira e após quatro horas de viagem cheguei à Village Annai tendo percorrido apenas 127 quilometros de estrada muito ruim com areia, poeira, costelinha de vaca e buracos. Pernoitem na única pousada localizada na frente da torre de telefonia celular. O valor de cinco mil dólares é salgado para uma pousada que não oferece ar condicionado, ventilador e nem café da manhã. Mas, como não há outra opção, vai essa mesmo. Durante a noite percebi porque o quarto tinha mosquiteiro sobre a cama. Dezenas de carapanãs (pernilongos) ávidos por sangue sobrevoavam o quarto na esperança de encontrar uma fresta para beber meu sangue. Durante a madrugada soprou forte vento e quando amanheceu uma leve garoa já molhava a estrada de terra. 2º Dia - 18 Jan 2014 - Annai/GU - Linden/GU Um dos funcionários me ofereceu gasolina a 1.500 dólares o galão, ou seja, R$ 4,00 o litro. Mesmo tendo uma reserva, comprei dois galões (7,8 litros) pois a gasolina é artigo de luxo por aqui. Tendo percorrido apenas vinte quilometros, a chuva engrossou e a estrada piorou muito. Buracos, lama, atoleiros passaram a ser constantes e cada vez exigindo mais perícia deste solitário motociclista. Depois de algumas horas cheguei na entrada da Iwokrama Forest Reserve onde há uma concela na entrada e você é obrigado a apresentar documentação aos policiais de plantão. Enquanto esperava, três vans chegaram ao local oriundas de Linden e pela lama na lataria delas, imaginei a dificuldade que teria pela frente. Depois de dezenas de quilometros percorridos a velocidade não superior a 30 km/h encontrei no meio da selva o motociclista japonês Gotou que está na estrada há cinco anos. Como já o esperava em Boa Vista, paramos as motos e conversamos durante alguns minutos trocando informações e registramos fotograficamente este encontro. Logo depois, cada um seguiu seu destino. Poucos minutos depois cheguei na saída da Reserva e nova cancela impedia a saída até que se apresentasse novamente os documentos. Feito isso, segui até as margens do Rio Essequibo (o terceiro mais longo da América do Sul) para fazer a travessia de balsa que durou pouco mais de quinze minutos. A viagem continuam não rendendo quilometros pois havia muita lama e poças de água cuja profundidade eram difícil de verificar. O jeito era entrar na água com a moto e seja o que Deus quiser. Em duas ocasiões o nível da água cobriu a roda dianteira. Cheguei na Village Mabura, vila de garimpeiros e madeireiros onde pensei acampar pois já passava das 17 horas e me informaram que ainda faltavam umas quatro horas até Linden. Mesmo assim, resolvi seguir sabendo do perigo que isso representava. Por volta das 21h30 min cheguei em Linden e logo na entrada da cidade uma blitz policial me parou, tendo um policial pedido dinheiro para a cachaça e disse-lhes que tinha apenas para o hotel. E, aproveitando, pedi que me indicasse um local para pernoitar. Gentilmente me levaram até um hotel de baixa qualidade mas, cansado que estava, não dei muita atenção ao fato. 3º Dia - 19 Jan 2014 - Linden/GU - Corriverton/GU Na manhã seguinte, terceiro dia da viagem, o tempo continuava nublado e segui para Georgetown a 130 km, mas desta vez, com asfalto. Lá chegando, em pleno domingo, decidi seguir até Corriverton na fronteira com o Suriname. Lá chegando, encontrei o amigo Segismundo de Manaus que poucos dias antes tinha viajado para o Suriname e agora voltava para Manaus. Infelizmente a balsa que faz a travessia no domingo partira as 13 horas e já eram 15. O jeito foi pernoitar em Corriverton em um hotel sem acesso à internet, janta ou café. As barrinhas de cereal que comprei em Boa Vista foram a salvação pois tudo estava fechado no domingo. No quarto dia acordei cedo e segui para a fronteira pois o check in da imigração é feito entre 07h30 e 08h30m e a balsa parte as 09. Total de 905 quilometros rodados neste país. Inúmeros cambistas oferecem a moeda surinamesa, o SRD ou Suriname Dólar ao câmbio de 3,2 SRD por um dólar americano. Dei saída dos documentos na policia, na imigração e na aduana e fiquei aguardando a balsa para a travessia que só aconteceu as 11 horas da manhã.

7 comentários:

  1. Grande Cézar...estava torcendo pra vc postar notícias aqui pelo Blog. Parabéns pelo trecho já conquistado. Estarei sempre por aqui acompanhando seu progresso. Que Deus o abençoe. Não se esqueça de guardar todos os detalhes de cada etapa visando escrever o seu livro. Grande abraço..!!!
    Renato.

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    1. Renato, desculpe a demora em responder. Só agora sobrou um tempinho para ir atualizando o blog. Grande abraço.

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  2. É isto ai fico feliz por realizar seu sonho kkk vou copiar pra realizar o meu tbm, boa sorte e uma otima viagem se não ligar estarei aqui de carona. ass: Silvio J. A.

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  3. Caro amigo e leitor Cézar. Parabéns pela trip. Gostei muito de poder conhecê-lo pessoalmente em Ushuaia na casa do meu amigo Oscar. Esse encontro na estrada, especialmente em uma grande viagem, sempre é mais significativo. Essa sua passagem pela Guiana me reportou minha viagem por essas bandas em 2007, realmente não é para gente assustada rssss. Espero que o meu livro tenha auxiliado e encorajado ainda mais vc a fazer essa aventura. Qualquer coisa estou por aqui a disposição do amigo. Fraterno motoabraço. Renato Lopes

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    1. Renato, também fiquei contente por conhece-lo quando de nossa passagem pelo Ushuaia. Estou atualizando o blog depois de ter concluido a viagem.
      E com certeza seu livro foi importante para o planejamento da minha expedição. Grande abraço.

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  4. Parabéns pelo blog e pelas excelentes informações aqui postadas. Que grande expedição!!!

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