28/03/2013 - Manaus - Capital do Amazonas (1.600 km)
Este será a primeira capital a ser visitada no desafio Bandeirante FC.
Em companhia de esposas e alguns amigos do Roraima Moto Clube, do
Anarquia Moto Grupo e dos Templários MC, partimos na quinta-feira, dia
28/3/13 pela manhã na direção sul com destino a Manaus, distante 780 km de
Boa Vista.
A primeira parada se deu no município de Caracaraí para reabastecimento.
Com a BR 174 praticamente toda recuperada, a viagem foi tranquila.
Somente três pequenos trechos de 3 km ainda não receberam o asfalto mas
já está com a base pronta e acredito que não deva demorar a ser concluída.
Tendo rodado mais 165 km, paramos pela segunda vez em Rorainópolis para
outro reabastecimento uma vez que o próximo posto está localizado na
entrada da reserva indígena Waimiri Atroari, distante 135 km. Quem viaja
nesta rodovia pela primeira vez, sempre tem o receio de não encontrar
combustível. Na verdade não há que se preocupar pois há postos no máximo
a cada 150 km, atendendo assim aos motociclistas cujas máquinas tem
baixa autonomia.
Chegamos a Vila Jundiá, por volta das 13h, tendo percorrido 430 km. Esta
vila do município de Rorainópolis está situada na entrada da reserva
indígena, onde também há posto da Policia Federal e da Sefaz/RR.
A partir deste ponto, há controle da rodovia pelos índios
Waimiri-Atroari que simplesmente esticam uma corrente na entrada as 18h e
só liberam a rodovia na manhã seguinte as 06h. A única exceção, onde
se permite o trânsito à noite, é concedida aos ônibus que fazem linhas
interestaduais, policia e ambulâncias. Ou seja, se você chegar as
18h05min terá que pernoitar no local e seguir no outro dia. E isso vale
para os dois lados da rodovia, tanto em Roraima quanto no Amazonas. Acho
que é a única rodovia do Brasil em que indígenas estabelecem regras. O
direito de ir e vir de todo e qualquer cidadão não se aplica neste
horário.
Entrando na reserva, há inúmeras placas orientando a não parar, filmar
ou fotografar. A rodovia dentro da reserva tem 85 km dentro do estado de
Roraima e outros 50 km no estado do Amazonas.
Em razão de ser uma área de floresta amazônica, há que se ter cuidado
com animais silvestres que podem atravessar a pista a qualquer momento. A
placa indica o número de animais atropelados, mas a quantidade deve ser
ainda maior pois, se computa apenas os animais encontrados às margens
da rodovia.
Depois de 135 km atravessamos a reserva e paramos novamente na região
conhecida como Abonari para novo reabastecimento da moto e do estômago.
Na modesta lanchonete do posto se come a melhor coxinha e coalhada da
estrada.
Foi só pegar a estrada e veio a chuva, muito comum nesta época do ano
pois no Amazonas chove quase todo dia de novembro até maio. E quando
falo em chuva, estou falando de muita água mesmo. Foram 100 km de
aguaceiro e vento lateral muito forte, principalmente das áreas de
pastagens. Entramos no município de Presidente Figueiredo, conhecido
como a terra das cachoeiras (são mais de 50 espalhadas pela selva
próxima da cidade) e seguimos para Manaus a 110 km, com a chuva batendo
no lombo o tempo todo.
Depois de 10 horas de viagem, já noite, fomos recebidos pelos irmãos do Caveira Moto Grupo na entrada da cidade.
Na manhã do dia 29, sexta-feira santa, aproveitamos para rodar pela cidade, mesmo com chuva.
Prédioda Alfandega - Construido no século 19 com módulos trazidos da Europa.
Você sabia que Manaus já foi considerada a Paris brasileira? Pois é, com
o lucrativo mercado da borracha no inicio do século 20, em plena selva
amazônica, Manaus foi a primeira cidade brasileira a receber energia
elétrica. Seus habitantes abastados, vestiam-se com roupas compradas em
Paris, tinham louças e móveis comprados na Inglaterra e circulavam em
bondinhos elétricos pelas principais ruas da capital amazonense.
Um dos melhores teatros do pais, o Teatro Amazonas foi construido e
traziam artistas de outros países para se apresentarem. Muitos outros
prédios foram construidos e ainda hoje são bem cuidados, apesar da ação
de vândalos.
A feira conhecida como Manaus Moderna é outra atração. No local, em
frente ao Rio Negro, é comercializado todo tipo de fruta, verduras e
peixes trazidos no interior e entorno da capital. É neste local que
atracam todos os barcos que fazem o transporte de passageiros e cargas
para o interior em viagens que demoram dias.
Jaraqui ("quem come não sai daqui") e pescada
Mantas de Pirarucu pescado e salgado pelos ribeiros para conservar o produto.
Tambaqui, um dos principais peixes consumidos e já criado em cativeiro.
Diferente do Pacú conhecido em outras regiões brasileiras, o daqui é um peixe pequeno com peso médio de 300 gramas.
O Aruanã costuma comer insetos nos galhos sobre a água, saltando até dois metros. O tucunaré é o valente das águas.
Há muita fartura mas o preço do peixe está salgado na semana santa.
A tarde o tempo melhorou e durante a noite fomos a festa de aniversário
dos Templários MC, visitamos a sede dos Hells Angels e terminamos a
noitada no Moto rock, bar temático do meu xará Cesar, integrante dos
Hells.
O sábado amanheceu ensolarado nos convidando para mais um passeio pela
capital manuara. Aproveitamos para visitar a Praia da Ponta Negra, agora
toda redesenhada e com um atrativo a mais ao fundo: a bela ponte
estaiada sobre o Rio Negro construida há pouco mais de um ano.
Claro que aproveitamos para passar para o outro lado sobre ela.
Regressando, fomos até a sede do governo do Amazonas, localizada na Av
Brasil, bairro da Compensa para a foto em frente do prédio. Por ser
sábado, os portões estavam fechados e tiramos a foto na movimentada rua.
Missão cumprida, fomos até o Polo Industrial de Manaus onde existem mais
de 600 empresas nacionais e multinacionais produzindo, bicicletas,
motocicletas, celulares, tvs de última geração e todo outros tipos de
eletroeletrônicos.
A noite foi reservada para a confraternização na Cachaçaria do Dedé, no Manauara Shopping.
O domingo foi reservado para a viagem de volta. Saímos de Manaus as 08h e
as 10h há estávamos em Presidente Figueiredo, onde casualmente
encontramos motociclistas do Bodes do Asfalto em um dos restaurantes que
servem o tradicional café regional.
Chegamos em Boa Vista, Roraima, com um belo por do sol nos fazendo companhia depois de 1600 km percorridos.
Km acumulada: 1.600 km
A viagem desta vez contempla o percurso de Curitiba/PR até Mâncio Lima no Estado do Acre e depois o retorno a Porto Velho, seguindo para Manaus e Boa Vista e Roraima e tem dois objetivos principais: o primeiro deles, como Fazedor de Chuva, visitarei algumas capitais brasileiras, cumprindo assim parte do Desafio Bandeirante Fazedor de Chuva (veja ao lado o que significa cada desafio); a segunda, conhecida como Cardeal Fazedor de Chuva, consiste em visitar de moto os quatro pontos extremos do Brasil, até onde é possível ir com uma motocicleta. Neste contexto, temos a cidade de Mâncio Lima, 25 km a frente de Cruzeiro do Sul, no Acre, como o ponto mais extremo à oeste do país e é para lá que eu vou. E vou de moto.
31/08/2013 - Curitiba - Capital do Paraná (585 km)
Adquiri uma nova motocicleta em Curitiba e voei para lá no dia 29 de agosto, onde retirei minha BMW
G650GS na concessionária Star News em Curitiba e de lá fui até Itajaí no dia 30
para visitar nossa sede internacional onde fui certificado com o título
de Valente Fazedor de Chuva.
Durante a viajem de aproximadamente 200 km, encontrei dois integrantes dos Paladinos da Justiça, moto clube de Curitiba, que me acompanharam com suas GS 1200 até a divisa com Santa Catarina
Sede Internacional dos Fazedores de Chuva em Itajaí-SC
No dia 31 deixei Itajaí por volta das 09h da manhã rumo a Curitiba. Veja o roteiro no link abaixo.
http://goo.gl/maps/Nou8t
O clima estava ótimo para andar de moto e o friozinho foi a oportunidade
para testar o aquecedor de manoplas, ação dispensável na região norte,
onde moro.
Chegando em Curitiba, fui ao Palácio Iguaçu para as fotos de praxe.
Já morei muitos anos no Paraná e confesso, esta cidade me encanta.
Como ainda pretendia chegar na casa da sogra em Arapongas/PR, segui em frente com a bagagem amarrada na garupa.
Desacostumado com pagamento, acho que paguei uns cinco ou seis pedágios
de R$ 4,30 no Paraná, valor absurdo se considerado o pedágio de R$ 0,85
para motos em Santa Catarina.
Por volta das 17h30 cheguei à cidade de Arapongas, onde a sogrinha me esperava.
O dia seguinte foi utilizado para rodar pela cidade e equipar a moto com
os top e side case e protetor do motor, pois eu havia comprado os
equipamentos em SP e RS e mandado entregar na casa da sogra.
Tudo pronto para seguir para o Mato Grosso do Sul no dia seguinte.
Km Acumulada : 2.350 km
02/09/2013 - Campo Grande - Capital do Mato Grosso do Sul (625 km)
Com o roteiro já planejado, parti cedo de Arapongas/PR via Presidente Prudente/SP para Campo Grande/MS. O roteiro você encontra no link abaixo.
http://goo.gl/maps/Dwgjn
Fiquei surpreso, ao atravessar o Rio Paraná, com a extensão do lago
formado pelo aterro do leito do rio que deu origem à rodovia. A ponte
tem aproximadamente 2.250 metros e a área aterrada pelo menos uns oito
quilometros.
Atravessar este trecho requer cuidado pois o vento lateral é muito forte
e quando um caminhão ou carreta vem em sentido contrário, o impacto do
deslocamento o ar é ainda maior sobre o piloto e a motocicleta.
.
Logo após passar pela cidade de Bataguaçu, a chuva chegou forte, obrigando a reduzir a velocidade até chegar em Campo Grande.
Conforme havia previsto, por volta das 17h40min cheguei na
concessionária BMW Raviera onde deixei a moto para a primeira revisão
(hodômetro marcando 1.516 km).
A noite usei artifícios para secar as luvas, botas e a roupa de cordura (que o hotel não descubra eheheh).
No dia 03, por volta do meio dia, a motocicleta foi liberada e me
dirigi até a Governadoria para as fotos em frente ao prédio. Não gosto
muito de usar o GPS e prefiro conversar com as pessoas, pedindo
informações. Mas, ao pedir a localização do Palácio do Governo, ninguém
sabia dizer onde era. Depois de alguns minutos
citei a Governadoria e aí prontamente me deram o endereço na Avenida do
Poeta.
O local onde se localiza a Governadoria, é um espaço bastante amplo e
concentra vários prédios de orgãos governamentais como secretarias,
tribunal de contas, dentre outros.
Cumprida a etapa, segui em frente, sabendo que o adiantado da hora não me permitiria chegar em Cuiabá, meu próximo destino.
Assim sendo, já noitinha cheguei em Rondonópolis/MT para o pernoite, tendo rodado 493 km no dia.
Bastou dar entrada no hotel para a chuva cair intensamente.
Km acumulada : 3.468
Km
04/09/2013 - Cuiabá - Capital do Mato Grosso (450 km)
Tendo pernoitado em Rondonópolis/MT, acordei cedo, torcendo para que a chuva desse uma trégua.
http://goo.gl/maps/LSzSU
Para minha alegria, a manhã estava ensolarada e após o café, segui para Cuiabá.
Impressionante a quantidade de caminhões na estrada. Parece que todos os
caminhões do país estava subindo ou descendo a BR 364. As
ultrapassagens eram perigosas, pois a fila geralmente tinha de quatro
até dez caminhões bi-trem levando soja, milho, gado, combustíveis, cana
de açúcar, dentre outras mercadorias.
Grandes áreas de cultivo estavam sendo colhidas ou preparadas para
novas culturas. Lamentavelmente, nenhuma árvore em pé nestas áreas
imensas.
Chegando em Cuiabá, tratei de localizar o Palácio do Governo. A capital
mato-grossense está um caos, com obras para todos os lados por ser uma
das sedes da Copa do Mundo de Futebol em 2014.
Depois de quase duas horas cheguei ao local, com um calor terrível sob a roupa de cordura.
A exemplo do MS aqui o governo procurou concentrar vários órgãos na mesma área, facilitando bastante a vida do contribuinte.
Como não pretendia dormir em Cuiabá, tratei de seguir viagem, com a placa já indicando meus próximos destino.
Apesar do calor, a tocada foi tranquila até Pontes e Lacerda/MT onde dei o devido descanso ao esqueleto e à motocicleta.
Km Acumulada: 3.918 km
05 e 06/09/2013 - Porto Velho - Capital de Rondônia (1.043km)
O trecho entre Cuiabá e Porto Velho requer dois dias de viagem pois são quase 1500 km, conforme você pode ver no seguinte link:
http://goo.gl/maps/6DxEy
Tendo pernoitado em Pontes e Lacerda/MT, cruzei a fronteira com
Rondônia, por Vilhena e continuei rodando até o anoitecer, quando
cheguei a Ariquemes/RO.
A estrada começa a ficar ruim e buracos aparecem a todo instante na pista exigindo certa atenção do piloto.
http://goo.gl/maps/Yvi5T
No dia seguinte, rumei para Porto Velho onde cheguei por volta das 10h.
Símbolos de Rondônia, estas caixas d'água são resquícios da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Facilmente localizei o Palácio Getúlio Vargas onde tirei as fotos para comprovar minha passagem pela capital rondoniense.
Hora de partir para o Acre e já acumulo 4.961 km.
06/09/2013 - Rio Branco - Capital de Acre (535 km)
Tendo passado cedo por Porto Velho/RO, segui pela BR 364 para Rio
Branco/AC com o intuito de encerrar esta etapa do Bandeirante Fazedor de
Chuva em pleno feriado da independência.
http://goo.gl/maps/Yvi5T
Na região estão sendo construidas duas Usinas Hidro Elétricas: Jirau e
Santo Antonio e as torres de transmissão proliferam por todas as partes. Algumas delas, com formatos diferentes das tradicionais torres, quando brilham ao sol, parecem obras alienígenas.
Caminhões transportam pesados equipamentos para as UHE.
Também é visível a retirada completa da floresta nas áreas que serão
alagadas e a própria BR 364 já teve seu traçado mudado em vários
trechos, já prevendo o alagamento.
Em Extrema/RO, aproveitei para marcar território em um posto de gasolina.
Futuramente, acredito que percorrer este trecho da BR 364 será interessante pois haverá água nos dois lados da rodovia.
No município de Abunã ainda se vislumbra restos de locomotivas e alguns
equipamentos ferroviários espalhados nas margens da BR 364.
São os últimos sinais do que restou da chamada Estrada de Ferro Madeira
Mamoré, construida no século passado para escoar a produção de borracha
daquela região.
No caminho, a travessia sobre o Rio Madeira é feita ainda sobre balsa
entre os municípios rondonienses de Jaci Paraná e Extrema, muito próximo
da Bolívia.
Ao longo da estrada vinha pensando em tirar uma foto no Km 1000 da BR
364 e fiquei decepcionado ao ver que a placa indicativa não estava no
local. Então, vamos de 1.002 mesmo!
Não imaginei que antes de chegar ao Acre ainda teria um trecho ruim pela
frente. Cerca de três quilometros do pavimento foram retirados para
refazer o leito da pista e quando lá cheguei, tinham acabado de molhar a
terra com um caminhão pipa. Imaginem o resultado: dificuldade para
atravessar e muita lama sobrando para o piloto e sua moto.
Cheguei em Rio Branco com o sol se pondo.
Ainda assim aproveitei para fotografar em frente do Palácio do Governo.
Escolhi o hotel Terra Verde para o pernoite e a recepcionista me disse
que "talvez" tivesse um pouco de barulho mais tarde. Não dei
importância e depois me arrependi.
Lá pelas 23 h começou o tal barulho que na verdade era um show de uma
banda sertaneja. Eram duas da manhã quando liguei para a recepção e me
disseram que o show iria até as cinco. Protestei e a recepcionista pediu
se eu queria trocar de apto, tendo eu lhe dito que queria mesmo era
trocar de hotel, mas de nada adiantou.
Praticamente sem dormir, por ironia, tomei o café junto com os
integrantes da banda que, pelo jeito, saíram do show direto para o
restaurante.
Questionei a falta de bom senso da direção do hotel e me disseram que o
filho do dono tinha uma boate para onde estava programado o show. Como a
boate tinha sido interditada, resolveram transferir o evento para o
hotel. Ou seja, dane-se o sono dos hóspedes.
Km acumulada: 5.496 km
Ainda zonzo deixei o hotel para seguir ao próximo destino, desta vez
pelo Cardeal FC, rumo a Mâncio Lima, extremo oeste brasileiro.
07/09/2013 - Rio Branco a Mâncio Lima - AC - (1.320 km entre ida e volta)
Tendo concluído ontem mais uma etapa do Bandeirante FC com a chegada a
Rio Branco/AC, vou continuar pela BR 364 desta vez rumo a Mâncio Lima
para minha segunda etapa do Cardeal FC.
http://goo.gl/maps/dl2qE
Logo na saída da cidade, me deparei com tantos buracos na pista que temi o pior: não conseguir chegar ao meu destino.
Depois de alguns quilometros o pavimento melhorou e consegui desenvolver
boa velocidade durante alguns minutos e lá estavam eles de novo. De
todos os tamanhos e profundidades.
Até Sena Madureira, a cerca de 140 km de Rio Branco, o cenário é o
mesmo, alternando bons trechos com outros cheio de buracos,
deslizamentos e interdições de parte do acostamento e da pista.
A rodovia melhora no trecho entre Sena Madureira e Manoel Urbano. Um
detalhe que chama a atenção é que apesar do péssimo asfalto, as pontes
são "arrumadinhas".
Após passar por Manoel Urbano, o tempo fechou e a chuva já aparecia no horizonte à minha frente.
Passados poucos minutos ela chegou. E, poucos quilometros à frente, o asfalto literalmente acabou.
Me deparei com um cenário desolador. Até onde a vista alcançava, o
asfalto tinha sido removido e o que sobrou foi somente uma camada de
terra, agora molhado pela chuva.
Como a moto não tinha pneus adequados para aquele tipo de piso, pensei em desistir e voltar.
Mas, teimoso que sou, decidi continuar com cuidado, torcendo para que o asfalto "estivesse logo ali".
A pilotagem foi tão tensa, com a moto escorregando o tempo todo e sendo
apoiada pelos dois pés, que nem lembrei de tirar fotos.As fotos a seguir
foram tiradas no dia seguinte, durante a volta.
O veículo capotado, provavelmente sofreu o acidente ontem no lamaçal que estava quando passei.
E assim foi até pouco antes de chegar em Feijó, a 338 km de Rio Branco.
Percorridos 27 quilometros no barro, duas horas depois avistei o asfalto novamente com certo alívio.
Mas, o que percebi foi desanimador. O asfalto era intercalado por
trechos com e sem o pavimento que, molhado pela chuva, tornava ambos
extremamente escorregadio.
Agora sem chuva, foi possível avançar mais rapidamente até Taraucá.
A partir de Tarauacá a pista melhorou bastante e várias frentes de
trabalho foram encontradas, sinal de que estavam trabalhando para
recuperar a estrada.
A chuva voltou com menos intensidade durante uma hora, mas nada que atrapalhasse a viagem.
Cerca de 100 quilometros antes de Cruzeiro do Sul a BR 364 já estava toda recuperada e foi possível tirar parte do atraso.
Tanto que passei direto pela cidade e só parei quando cheguei a Mâncio Lima, 25 km depois.
Feito o registro em frente da Prefeitura de Mâncio Lima, sob o olhar
curioso de alguns munícipes comemorei sozinho o feito. Foi desgastante
estes 660 km onde empreguei 10 horas para conclui-lo.
Então, com mais calma, voltei a Cruzeiro do Sul para o devido descanso, tendo me hospedado no Hotel Apuí.
Já descansando, recebi ligação da família me parabenizando pela
conquista.
08/09/2013 - Cruzeiro do Sul/AC - Nova Califórnia/RO - 850 km
Ainda dolorido mas feliz, deixei Cruzeiro do Sul sob intensa neblina, daquelas de molhar a roupa.
E sem reclamar da estrada ruim e da gasolina cara, segui torcendo para que não chovesse durante o dia.
Como não havia lombada no local, durante horas fiquei me perguntando: Lombada era o nome do boi???
E assim regressei a Rio Branco e decidi seguir adiante, não sem antes
tirar uma foto na Estrada do Pacífico (Este é o caminho para o Peru, e de lá para qualquer pais da América do Sul)
Com a noite já chegada, depois de ter a viseira recoberta por pequenos
insetos, acampei em Nova Califórnia, poeirento distrito de Extrema, já
em Rondônia, tendo acumulado 7.006 quilometros.
09/09/2013 - Nova Califórnia/RO - Humaitá/AM
Levantei cedo e vi as mensagens no celular me parabenizando pelo Dia do Administrador, minha profissão.
Depois de um rápido café, segui para Porto Velho, tendo que tomar novamente a balsa para atravessar o Rio Madeira em Jaci Paraná.
Agora parece que o caminho de volta é mais curto e cheguei a Porto Velho rapidamente.
A ponte sobre o Rio Madeira em Porto Velho/RO está em fase final de
acabamento e o jeito é atravessar novamente sobre uma balsa.
Finalmente cheguei à BR 319, a chamada Estrada Fantasma que em seus 880 km liga Porto Velho a Manaus.
Fruto do descaso dos governantes e interesses comerciais do setor de
navegação fluvial da região, esta estrada construida na década de 70
nunca sofreu reparos e hoje, somente o trecho de cerca de 190 km até
Humaitá/AM tem asfalto em boas condições.
De lá para frente, é uma verdadeira aventura, onde só veículos traçados e motos tipo big trail podem se aventurar.
Estava tentado a percorre-la mas durante a noite em Humaitá, choveu
bastante e foi o que bastou para me decidir: fica para a próxima.
Km acumulada até o momento: 7.406 km
10/09/2013 - Humaitá/AM - Manicoré/AM - via fluvial
Tendo abandonado a idéia de percorrer a BR 319, tomei o barco Caçote II
as 18h para Manicoré, uma vez que o próximo para Manaus só sairia dois
dias depois.
Por imposição do comandante, a moto foi para o porão.
Tendo navegado a noite toda, vinte horas depois, chegamos a Manicoré onde eu tentaria outro barco para Manaus.
Contudo, o barco Lindo Amanhecer só sairia ao meio dia do dia seguinte e
o jeito foi pernoitar pendurado na rede, a exemplo do dia anterior.
11/09/2013 - Manicoré - Manaus/AM - via fluvial
Com uma hora de atraso o barco deixou o porto. O que eu não sabia é que a
prioridade deste barco não são os passageiros e sim a carga.
Descendo o rio, toda vez que o comandante avistava montes de bananas e
melancias nas margens do rio, ele atracava, negociava com o ribeirinho e
carregava o produto.
Isso aconteceu uma dezena de vezes, durante o dia e também a noite e
isso ia atrasando a viagem. Contei mais de 8 mil melancias sendo
carregadas no porão.
Ao chegar no município de Nova Olinda, questionei a tripulação sobre o
excesso de peso. Eu já tinha visto a ficha técnica do barco que indicava
calado de 1,69m e o que eu observava naquele momento indicava que havia
excesso de carga pois o limite tinha sido ultrapassado em 20 cm.
A resposta foi que a partir dali não haveria mais carga até Manaus.
E assim navegamos numa lenta velocidade durante 48 horas (isso mesmo). O
que o primeiro barco fez em 20 horas, este levou 48 horas para cobrir a
mesma distância com a água batendo no costado e de vez em quando
molhando os passageiros.
13/09/2013
Chegando em Manaus, estranhei a decisão do comandante em seguir por
outra rota, diferente daquela que outros barcos tomaram rumo ao porto.
Como recompensa, nos demoramos sobre o encontro das águas do Rio
Solimões e do Rio Negro que atraem muitos turistas ao local.
E não demorou muito para o barco ser abordado pela Marinha em Inspeção
Naval, tendo o proprietário sido notificado, provavelmente pelo excesso de
carga na embarcação.
Ao chegar no porto, o barco foi cercado por feirantes que queriam
comprar melancia, banana, macaxeira, etc e tive que espernear para
descarregarem minha moto primeiro.
Ao sair do porto, para finalizar a aventura, ainda me cobraram uma taxa de administração de R$ 30,00.
E assim deixei Manaus as 13h seguindo para Boa Vista/RR onde cheguei as
21h30, depois de percorrer os 770 km da BR 174 que, apesar de recuperada
recentemente, já apresenta buracos em alguns trechos.
Tendo visitado os extremos Oeste (Mâncio Lima/AC) e Norte (Uiramutã/RR) além das Capitais Manaus, Curitiba, Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho e Rio Branco, acumulo 8.176 quilometros nesta prazerosa empreitada.
Tenha uma boa sorte e que motocicleta em!
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