Meus amigos, depois de quase dois anos de planejamento e um adiamento em janeiro de 2013, está quase tudo pronto para minha maior viajem motociclistica.
Trata-se da Expedição Um abraço na América do sul, viagem de 32.000 quilometros e 90 dias a bordo de uma motocicleta percorrendo os treze países da América do Sul.
O nome foi escolhido pois a viagem será realizada pelas "beiras", abraçando todo o continente sul americano conforme podem observar na logo abaixo.
Eu particularmente, sou exagerado, e resolvi fazer uma maior ainda.
Sonhar não custa nada. Sempre
ouvi esta frase e nunca dei muita importância. Hoje, ao tentar colocar meu
sonho em prática, percebo o quanto esta frase é verdadeira.
A idéia de realizar uma viagem
motociclistica inédita nasceu tímida e firmou-se com o passar do tempo, após
levantar as informações necessárias e fazer todo o planejamento. Hoje, a
sensação é de que ela precisa acontecer a qualquer custo.
Há muitos relatos publicados
sobre dezenas de viagens realizadas sobre duas rodas. Para àqueles que pensaram
em fazer algo semelhante, estas histórias despertam o desejo e contribuem com vasta
e preciosas informações para o
planejamento de motociclistas que almejam um dia realizar uma grande viagem.
Uma grande aventura como esta, merece ser compartilhada.
Partindo dessa premissa, sem egoísmo quero dividir com você leitor, todo o sabor desta expedição. A idéia de
sobrepujar este desafio é baseada no desejo de conquistar algo novo e diferente
em nossas vidas. Entendo que ao fazer um relato fiel e completo desta
experiência, detalhando todos os passos da aventura, posso contribuir
de alguma forma para difundir a paixão pelo motociclismo e assim incentivar novas
viagens sobre duas rodas.
Sempre ouvimos que um homem para
se sentir realizado precisa ter filhos, plantar árvores e escrever um livro.
Filhos, temos três, maravilhosos os
quais amo muito. Já derrubei muitas árvores, mas plantei outras tantas e hoje
penso muito antes de tomar qualquer iniciativa que possa trazer prejuízo ao
meio ambiente. Livro? Não, ainda não escrevi. Faltava um tema, conhecimento de
causa e dedicação. Agora não falta mais. Confesso que não sei se o pretexto é
fazer a viagem para escrever um livro sobre ela ou se quero escrever um
livro e para isso preciso viajar. De qualquer modo, a idéia não pode ser descartada.
A paixão por viagens de
motocicleta nos motiva a incentivar outras pessoas. Espero que após a leitura
deste humilde relato, você possa traçar novos objetivos para viver ainda mais intensamente
sua vida. Então, se você realmente gosta
de viagens e de motocicletas, por que não unir estes prazeres e “pegar a
estrada”.
Afinal, você não quer mais
adrenalina na sua vida?
O PLANEJAMENTO DA VIAGEM
A adrenalina aflora apenas ao
imaginar o desafio que virá pela frente.
Sou administrador e graças à
minha formação, entendo que uma viagem
deste porte precisa ser minuciosamente estudada e planejada. Administrar,
segundo Maximiano - 2006 “é o processo de tomar decisões sobre objetivos
e utilização de recursos”.
Dentro desta concepção, entendo que o planejamento é
necessário para prever o cenário de curto a longo prazo. De modo sucinto,
podemos definir o ato de planejar como um dos primeiros processos da administração e
que consiste basicamente na definição dos objetivos a serem atingidos e na
decisão antecipada das ações a executar para atingir os objetivos traçados.
Então, para que esta grande
viagem aconteça com o mínimo de imprevistos e contratempos, um bom planejamento é essencial para o
sucesso. Afinal, muita coisa precisa ser considerada para um evento deste
porte. São tantas as dúvidas e perguntas que aumentam na medida em que nos
aprofundamos no assunto. Cada país tem suas particularidades, sua legislação,
seus costumes, etc... Depois de dois anos pesquisando e planejando nos mínimos detalhes, sei que não
terei todas as respostas enquanto não começar a viagem.
Em pesquisas na internet, é
possível encontrar várias sugestões de providências a tomar e o que deve-se
levar em uma viagem motociclistica. São
informações importantes que muito ajudam na tomada de decisões.
A internet é uma fonte
inesgotável de pesquisa. Sites, blogs e outras mídias com informações sobre viagens permitem levantar grande
quantidade de informações que facilitarão o planejamento de qualquer viagem. Mantendo contado com motociclistas que já
viajaram por alguns dos países que pretendemos conhecer, é outra forma de
coletar dados. Há moto clubes em quase todas as cidades e seus integrantes
estão sempre se dispondo a ajudar. Eu que faço parte do Roraima Moto Clube sou
testemunha disso. Já recepcionamos e demos apoio logístico a dezenas de moto
viajantes de vários países que passaram pela nossa cidade.
O ROTEIRO
Decidi fazer a viagem, escolhendo um roteiro "ao contrário" daqueles comumente utilizados, ou seja, enquanto alguns motociclistas "sobem" a América do Sul, eu pretendo "descer".
Sendo assim, partirei de Boa Vista, Roraima e vou entrar na Venezuela para depois chegar na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, Argentina até o Ushuaia e de lá regressar pelo Uruguai. Já no sul do Brasil, vou ao Paraguai, volto ao Brasil seguindo pelo litoral até Macapá, entrando logo depois na Guiana Francesa, Suriname e Guiana (inglesa), por onde regressarei à Roraima.
Com a decisão de conhecer todos os países da América do Sul já tomada,
parti para a escolha da rota que me permitisse visitar alguns locais em
determinados países.
Sendo assim, quero conhecer o Pico dos Espelhos em Mérida, na Venezuela onde encontra-se o maior teleférico do mundo. A linha zero no Equador e seu monumento também merece ser visitada. No Peru, as Linhas de Nazca, Machu Picchu e o Lago Titicaca também estão no roteiro. Na Bolívia, o Salar Uyuni, merece ser visto. No Chile, nem pensar em deixar de conhecer a maior mina de cobre do mundo e o Deserto de Atacama. A Argentina me receberá de braços abertos em Bariloche, no glacial Perito Moreno, El Calafate, Parque Torres de Paine e Ushuaia, extremo sul da América do Sul, ou como alguns preferem, El fin del mundo.
Rápida passada pelo Uruguai, marcando presença no Chui, extremo sul do Brasil e um dos pontos a serem alcançados pelos candidatos ao desafio Cardeal Fazedor de Chuva (veja texto já publicado ou visite o site www.fazedoresdechuva.com).
Já no Brasil, mais desafios a cumprir desta vez como Fazedor de Chuva, visitando as capitais brasileiras pelo desafio Bandeirante Fazedor de Chuva.
Esticada até Foz do Iguaçu, para visitar amigos e adentrar ao Paraguai (lembrem-se: é toda a América do Sul). De volta ao Brasil, pelo Litoral vamos subindo até a Paraíba para o cumprir a última etapa do Cardeal Fazedor de Chuva, visitando a Ponta do Seixas, extremo leste do Brasil.
Seguindo em frente até Belém e de barco para Macapá e Oiapoque.
Na Guiana Francesa visita à Base de Lançamento de Foguetes de Kourou e de lá seguindo para o Suriname, Guiana inglesa e voltando para casa em Roraima.
Serão aproximadamente 32.000 quilometros, onde quase 2.000 serão de terra no Brasil, Guiana e Bolívia e rípio na Argentina.
A MOTOCICLETA
Ainda fazendo parte do planejamento, o próximo desafio foi
identificar qual motocicleta será a mais apropriada para esta grande aventura.
Concentrei-me em modelos maxi
trail, pois sairei do conforto do asfalto em alguns trechos a serem
percorridos e uma motocicleta custom, apesar de mais confortável, não seria apropriada para percorrer centenas
de quilômetros de estradas não pavimentadas.
Considerando informações técnicas
dos fabricantes e de revistas
especializadas, a escolha da moto levou em conta poder de aceleração, retomada,
vibração, ruídos, tato e precisão do câmbio, relação de marchas, estabilidade
tanto em retas quanto curvas, suspensão, distancia livre do solo, freios,
facilidade de manobras, altura do assento, posição de pilotagem, peso da
máquina, conforto, equipamentos, consumo de combustível, assistência técnica na América do Sul, além é claro da segurança e do prazer ao pilotar.
Para fazer o comparativo, decidi pela escolha da BMW G 650 GS, da
nova Yamaha Teneré 660, da Kawasaki Versys 650, da Suzuki DL 650 V-Strom e
Honda Transalp XL700. Ressalto que não tenho vínculos
com nenhum fabricante dos modelos mencionados.
Eu como piloto, praticamente
teria que decidir sozinho, mas confesso que foi um momento difícil. Todas
atendiam aos pré-requisitos em sua maioria e, aquela que não, acabava
compensando em outros. A vontade de ter todas em minha garagem, confesso que passou pela
cabeça.
Há muita matéria postada a
respeito e todos os motociclistas que já fizeram grandes viagens afirmam que
não há um modelo ideal. Você vai a qualquer lugar com qualquer motocicleta. É
claro que para realizar a viagem que planejamos, temos que pensar em toda a
logística. Enfrentaremos a falta de combustível, altitudes extremas e frias em
alguns lugares, calor em outros, assim
como asfalto, estradas não pavimentadas, transporte em balsas dentre outros
contratempos. Logo, é preciso minimizar estas dificuldades escolhendo o veículo
que mais se adapte às nossas conveniências.
A decisão foi tomada e escolhi a BMW G 650 GS por várias razões. Após pesquisa em várias concessionárias, decidi comprar em Curitiba por ter apresentado menor preço (e também oportunidade de fazer uma viagem de 7.000 km ao buscá-la rsrsr). Veja informações desta viagem realizada em setembro de 2013 no link Bandeirante Fazedor de Chuva.
Com a moto equipada com protetores de cárter, do motor, top case e side case, GPS, dentre outros itens, além de toda documentação pronta, resta aguardar o momento mais difícil da viagem: colocar a chave na ignição e dar a partida.
Boa sorte na expedição que tudo de certo para você e sua motocicleta
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